Tem Sangue no Mar (e há tubarões)
A liderança de Bolsonaro está sendo abertamente desafiada até por seus aliados mais próximos!
“Ele [Bolsonaro] não é criança. Sabe o que ele fez [na eleição de SP]? Jogou para os dois lados. Eu desafio: entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse. Que porcaria de líder é esse? […] Covarde, omisso, que se baseia em redes sociais e não quer se comprometer. Fica em cima do muro. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores [de redes sociais]“
Muitos estranharam as declarações do Pastor Silas Malafaia à jornalista Mônica Bergamo, inclusive, personagens importantes da própria direita brasileira, como o comunicador Marco Antônio Costa. “Vejo que Silas Malafaia deu uma facada em Bolsonaro”, declarou o influenciador Bolsonarista. Flávio Bolsonaro foi outro que se manifestou com surpresa, alegando que “roupa suja se lava em casa.”. Jair Bolsonaro, por sua vez, tratou de minimizar a importância do episódio, “eu amo o Malafaia. Ninguém critica mulher feia”.
Mas é importante salientar que Malafaia não é uma voz isolada: nos bastidores da direita o ex-presidente Bolsonaro já vinha sendo durante criticado pela sua omissão nessas eleições, inclusive por figuras bem influentes do campo.
Reclamações que se intensificaram na ressaca das votações.
E não estamos falando apenas de São Paulo!
No começo do ano, o PL projetou candidaturas e costurou alianças contando com a participação direta e ativa do ex-presidente nas campanhas. Uma promessa que não se concretizou.
Bolsonaro se manteve afastado da maioria das campanhas, limitando-se a algumas aparições pontuais, mensagens pré-gravadas e alguns acenos públicos. Tanto foi, que o deputado federal Nikolas Ferreira foi escalado como seu substituto nesse processo. “Me prometeram Bolsonaro e recebi um Nikolas”, teria dito um importante candidato da direita nessas eleições.
Não por coincidência, 6 entre 10 campanhas apoiadas pela a extrema-direita bolsonarista fracassaram nestas eleições, como mostra o levantamento de Leandro Becker para o The Intercept Brasil.
Pior, quando se engajou diretamente, o fez segundo seus próprios critérios, como na disputa que está travando com Ronaldo Caiado pela prefeitura na cidade de Goiânia. Bolsonaro tem lançado ataque pessoais ao governador do estado de Goiás, que apoia outro candidato. O fato vem sendo encarado com preocupação por seus correligionários do PL, pois visam angariar o apoio de Caiado para um inevitável substituto de Bolsonaro nas eleições de 2026.
Muito por conta dessas críticas intestinas, Bolsonaro está sendo pressionado pela cúpula do partido e aliados para que tenha um papel mais ativo e estratégico nesse segundo turno. No entanto, muitos acreditam que seja tarde demais, o estrago já está feito.
Mas o ponto inegável é: a liderança de Bolsonaro está sendo abertamente questionada, tanto pela emergência de novas lideranças, como Marçal, quanto por seus correligionários e apoiadores mais próximos, algo que seria impensável até bem pouco atrás.
Não se enganem, a insatisfação não vem de agora, desde o começo do ano noto a existência de um movimento crescente nos bastidores. A diferença é que agora alguns se sentem a vontade para levar essas críticas ao público.
Sinal dos tempos.
Há sangue no mar!
Será que o sangue é o prenúncio de prisão do bozó?